"Kant, apesar de ter apresentado um sistema ético muito diferente, concorda com Hume na rejeição do eudemonismo. A felicidade, argumenta na Fundamentação , não pode ser o objectivo último da moralidade: 'Suponha-se agora que para um ser dotado de razão e vontade o verdadeiro objectivo da natureza era a sua preservação, o seu bem-estar, ou, numa palavra, a sua felicidade. Nesse caso a natureza teria feito uma péssima opção ao escolher na criatura a razão para levar a cabo um tal objectivo. pois todas as acções que tem de realizar com esse fim em vista e toda a regra do seu comportamento teriam sido muito mais correctamente planeadas pelo instinto; e o fim em causa teria sido mantido muito mais seguramente pelo instinto do que alguma vez o poderá ser pela razão'. O conceito englobante da moralidade kantiana não é a felicidade, mas o dever. A função da razão na ética não é informar a vontade de como melhor escolher os meios para um fim posterior; é produzir uma vont...
Ora aqui está uma sugestão que, acabando por se dirigir mais a professores, pode ser também interessante para alunos que se sintam atraídos pela filosofia política. Trata-se de um volume em que se analisam doze obras contemporâneas, entre as quais três de autores conhecidos de qualquer estudante do 10ºano, Jeremy Bentham, John Rawls e Robert Nozick. Saída recentemente, é uma obrazinha que se lê com agrado, numa linguagem acessível, rigorosa, mas sem floreados desnecessários. Além da análise das obras oferece-nos ainda uma breve biografia de cada um dos autores, bem como sugestões de leitura acessórias.
"Mas para que ninguém, com base no que dissemos, julgue que afirmamos que os acontecimentos decorrem segundo a necessidade do destino, em virtude de termos falado de factos conhecidos de antemão, resolveremos também essa dificuldade. As penas, os castigos e as recompensas são dadas a cada um conforme o mérito das suas acções; aprendemos isto dos profetas e mostraremos que é verdade. De facto, se não fosse assim, mas tudo sucedesse por força do destino, então absolutamente nada dependeria de nós. Se, na verdade, é o destino que faz com que este seja bom e aquele mau, nem o primeiro é aceitável nem o segundo reprovável. Por outro lado, de o género humano não tem poder, pelo livre-arbítrio, para evitar o mal e preferir o bem, não pode considerar-se responsável por nenhuma das suas acções. Mas eis como demonstraremos que o homem se comporta de modo justo ou errado por escolha livre (...). Efectivamente, vemos que o mesmo homem passa de um comportamento ao oposto. Ora, se o que é mau ...
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